23.2.11

biutiful is biutiful

Ontem à tarde fui ao cinema.
Em busca de um encontro comigo mesma, quis ir sozinha. A princípio assistiria o mais cotado a levar a estatueta do Oscar, Cisne Negro. No entanto, involuntariamente fui me dirigindo à outro shopping da cidade, onde Javier e seus fantasmas me esperavam. Mal sabia eu que ao chegar na bilheteria para comprar meu ingresso teria todos, to-dos, os lugares a minha disposição. Eu poderia mudar de cadeira a cada 3 minutos de filme se quisesse, ou se Iñárritu não tivesse mais uma vez cumprido seu ofício.
Eu estava sozinha. Eu estava num mar de poltronas vermelhas, sozinha. Um segundo depois da porta fechar, as luzes se apagaram e talvez nesse momento eu tenha ficado um pouco mais sozinha ainda. E apesar dessa solidão toda, me sentia cheia, completa. E completamente entregue à tudo que começaria a ver e viver. E a cada cena que meus olhos assistiam, mais tomada pelo filme me sentia.
Biutiful me mostrou tantos detalhes que a vida nos dá, e que na maior parte das vezes nem percebemos o quanto mudam tudo. Uma relação interrompida antes mesmo de acontecer consegue ser a essência de um filme lindo, sensível, e talvez mal compreendido por muitos telespectadores. É mais óbvio não enxergar o "beautiful" em Biutiful.
Quem assistir Biutiful vai se deparar com o decadente. Com a agonia de um pai a beira da morte por um câncer. Com a parte podre de uma mãe. Com sexo, drogas, mortandade, comportamentos ilícitos.
Mas quem olhar com mais atenção, ou quem tiver a incrível chance de estar completamente só no cinema, mergulhado em tudo que se passa em cada uma daquelas vidas, conseguirá chegar ao belo. Verá o lado branco. A cor da neve, que impera do princípio ao fim em Biutiful.

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